A nova presidente do STM, Maria Elizabeth Rocha – Foto: Divulgação/STM.
Conheça Maria Elizabeth Rocha: A jurista que marcou o STM com a força das mulheres
Em um universo historicamente masculino como o da Justiça Militar brasileira, uma mulher mineira, determinada e brilhante, fincou seu nome nas páginas da história com uma toga e um gesto firme. Maria Elizabeth Guimarães Teixeira Rocha não apenas atravessou os muros altos da tradição: ela os redesenhou.
Primeira mulher a integrar o Superior Tribunal Militar (STM), em 2007, e a presidir a corte, inicialmente entre 2014 e 2015, a ministra voltou a ocupar a presidência da mais antiga corte judicial do país em 2025. Duas vezes presidente. Inúmeras vezes pioneira.
A ministra nasceu em Belo Horizonte, em 1960. Desde cedo, fez da educação seu primeiro território de afirmação. Formou-se em Direito pela PUC Minas, onde também se especializou em Direito Constitucional. Estudou em Portugal, na Universidade Católica, e voltou ao Brasil para concluir seu doutorado na UFMG.
Antes de chegar ao STM, percorreu uma longa e sólida trajetória na advocacia pública. Aprovada em primeiro lugar no concurso para a Advocacia-Geral da União (AGU), exerceu funções nos principais órgãos jurídicos do país: do Ministério da Cultura ao Tribunal Superior Eleitoral, da Casa Civil da Presidência da República à Câmara dos Deputados. Em todos os espaços, a mesma marca: competência técnica, ética inabalável e um olhar apurado para a institucionalidade.
Foi em 2007, indicada pelo então presidente Lula, que ela rompeu mais um teto: o da Justiça Militar. Naquele ano, tornava-se a primeira mulher ministra do STM, ocupando uma das vagas destinadas à advocacia.
Sua primeira gestão como presidente do STM, entre 2014 e 2015, foi marcada por um profundo compromisso com a modernização da corte e a defesa institucional da Justiça Militar. Em uma de suas declarações mais contundentes, reafirmou o valor da função militar: “A defesa da pátria e dos Poderes da República é valor mais elevado do que o da própria vida, já que, sob determinadas circunstâncias, impõe-se aos militares o dever de matar ou morrer”.
Defensora convicta do papel da mulher nos espaços de poder, Elizabeth Rocha também foi agraciada com o Diploma Bertha Lutz, em 2015 — honraria concedida pelo Senado a brasileiras que contribuíram para o avanço dos direitos das mulheres.
Em 2025, após 18 anos como ministra, foi novamente eleita presidente do STM. A posse aconteceu em março, com um simbolismo que não passou despercebido: pela primeira vez em mais de dois séculos, a corte elegeu uma mulher para o cargo mais alto do tribunal. Não uma mulher por acaso — mas uma mulher por mérito, legado e liderança.
No Brasil onde a presença feminina no Judiciário ainda é desproporcional, nomes como o de Maria Elizabeth Rocha são mais do que biografias notáveis. São faróis. Sua trajetória mostra que, sim, há espaço para as mulheres em todas as esferas — inclusive nas mais fechadas. Mas também lembra que não basta abrir portas: é preciso manter as luzes acesas para que outras venham.
No Mulher em Pauta, reconhecemos a potência de mulheres como Maria Elizabeth. Porque a justiça, quando é plena, carrega o nome, o rosto e a força de todas nós.
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